Janet MEMBRO
Mensagens : 231 Data de inscrição : 16/01/2012 Localização : São Paulo
| Assunto: A torrente do rio e o lago./ A raposa e o socó. Qui Fev 23, 2012 10:12 am | |
| A torrente do rio e o lago. Com grande fracasso precipitava-se de altas serras uma torrente caudalosa; tudo era horror em torno dela, ninguém se atrevia a transpô-la, afrontando as suas iras. E descia, impetuosa, montanha abaixo. Apertado por uns ladrões, um viajante não teve outro remédio, cumpria-lhe ou entregar-se aos ladrões, ou romper e atravessar a torrente; atirou-se pois. A água era pouco profunda, e sem embargo de sua força e de seus ruídos, não ocultava o menor perigo. Prosseguindo em sua fuga viu-se o nosso homem impedido por uma represa que plácida e serena se mostrava, sem o menor sussurro. Isto não é obstáculo para mim, disse o homem. Eu que já afrontei e enfrentei a torrente caudalosa de um rio bravo... ! E saltou no lago. Enganou-se, porém; a repressa era mui profunda e cheia de galhos em seu interior; não deu vau e o mísero afogou-se. MORALIDADE: Os palradores, vociferando bravatas, são mais inofensivos do que os concentrados e silenciosos. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link] A raposa e o socó. A raposa convidou um socó (espécie de pássaro mergulhão que caça peixes) para jantar em sua companhia; devia-lhe obrigações, dizia, e queria obsequiá-lo. O socó aceitou o convite, e foi-se preparando para fazer honra ao banquete de sua amiga raposa. Essa, porém, fez servir uma espécie de sopa, posta em um prato raso. Devia estar saborosa, pois só o seu cheiro dava água na boca e despertava o apetite; mas como a sorveria (tomaria, beberia) o socó com seu comprido e agudo bico? Multiplicou bicadas, machucou-se todo, e ficou jejuando, passando fome; a raposa, entretanto, foi lambendo, e pôs tudo no bucho. Desejoso de vingar-se, mas ocultando sua intenção, o socó agradeceu a raposa a fineza do convite, e disse que lho queria retribuir, convidando-a para daí a oito dias jantar em sua casa. A raposa, que é voraz, aceitou pressurosa. O vingativo socó apresentou-lhe em um vaso de comprido gargalo uma espécie de carne desfiada, muito saborosa. No vaso não podia a raposa introduzir o focinho para alcançar a comida, e o socó de cada bicada arrancava e engolia um comprido naco (pedaço). Quis enfadar-se a raposa, refletiu porém, e vendo que era uma justa desforra, torceu o nariz e foi-se embora, com fome, ainda que não emendada. MORALIDADE: Não zombes dos outros, pois achar-te-as exposto a iguais zombarias.http://www.fabulasecontos.com.br/?pg=descricao&id=127 | |
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